Estamos falando de vinhos tintos, encorpados, com aromas e cores fortes e uma acidez que sustente a sua vibração.
Chegou a vez do signo Leão. Os leoninos são muito orgulhosos de seu signo, talvez os mais orgulhosos. E assim como são do signo, são de si mesmos. Começo o meu texto anunciando que tenho uma tarefa árdua pela frente: não desapontar os leoninos com vinhos que não estejam à altura de sua majestade!
O signo de Leão tem como elemento natural o Fogo e é regido por ninguém menos do que o Sol, o centro do nosso sistema planetário; fonte de luz, energia e calor para a humanidade.
O seu animal emblemático é chamado de “Rei da Selva”, aquele que é, ao mesmo tempo, guardião e autoridade, por integrar em si mesmo força, postura, ira e generosidade. Na mitologia grega, a figura mais identificada com o Leão é Héracles (Hércules para a mitologia romana), que teve como um dos desafios impostos por Zeus vencer o Leão de Nemeia, um leão indestrutível, fruto de uma traição extraconjugal do Deus com uma mortal. Após longas lutas, o leão é vencido e Hércules transforma a pele do animal em uma túnica, que também o torna indestrutível.
O signo de Leão, pela combinação de Fogo e Sol, dota o seu regido de muita energia, força e altivez. A autoestima é a chave para as suas conquistas. Ele se impõe, gosta de estar no centro, liderando e fazendo com que tudo funcione bem, movido pelo seu magnetismo e autoconfiança. Mas a outra marca do signo é a generosidade e proteção àqueles que ama, desde que se sinta como “o escolhido”, “o melhor”. Não devolver ao leonino essa crença de estar no centro das atenções pode provocar uma ira irracional e é o problema para os que estão a seu redor.
Na travessia entre um signo e outro, temos o inseguro canceriano, se sentindo sufocado pelos núcleos protetores que criou para si mesmo. Resolve, então, enfrentar seus fantasmas para ter mais autonomia – abre o peito, levanta a cabeça, respira fundo e segue viagem!
Vamos aos vinhos. Um vinho leonino precisa de calor suficiente para aquecer os demais; deve ser o mais adorado de sua região, com visibilidade que extrapole suas fronteiras; deve chamar atenção com sua cor e aromas; deve manter, contudo, a elegância majestosa de um leão. Estamos falando de vinhos tintos, encorpados, com aromas e cores fortes e uma acidez que sustente a sua vibração. E que sejam celebridades do seu habitat.
O vinho leonino do primeiro decanato é da Malbec, hoje uma cepa famosa internacionalmente, resultante da combinação com o clima quente e árido da região de Mendoza, Argentina, mas com origem no sudoeste da França. As influências cancerianas inibiram a visibilidade da Malbec nos cortes de Bordeaux ou no outrora Vin Noir de Cahors, onde era protagonista, mas fazia um vinho mais tânico e duro. Em solo argentino, ela desabrochou: colorida, solar, potente, com aromas de frutas vermelhas doces, baunilha, chocolate e acidez mediana: um leão mais dócil, não menos arrebatador.
A leonina clássica é a Syrah. Na parte mais nobre de sua terra de origem, Vale do Rhône Norte, ela é a única cepa tinta autorizada para a produção de vinhos potentes e elegantes, com aromas de frutos negros, pimenta do reino, azeitona, que envelhecem majestosamente, sofisticando suas especiarias, envoltas em notas de couro. É a própria majestade de peito erguido nas colinas de Hermitage. No Rhône Sul e no mundo inteiro é vinificada solo ou participa do corte GSM, como cepa que equilibra os vinhos, com seus aromas, acidez e taninos finos. No Novo Mundo, a cepa também virou a estrela dos tintos australianos, mais solar e encorpada e, como boa leonina que é, reivindicou um nome próprio: Shiraz.
Para o terceiro decanato, outra cepa real: a mais notória dos vinhos portugueses – Touriga Nacional. Apesar da tradição portuguesa de trabalhar com vinhos de corte, é também vinificada como varietal. Onde ela vai, ela brilha, com sua cor concentrada, aromas ricos de frutos negros, notas de violeta, potência alcoólica e tânica, combinada a boa acidez. O seu maior estrelato é o Douro, onde é parte significativa do corte dos vinhos do Porto. Entramos num universo de longos cortes e combinações, no qual a Touriga é estrela, mas depende de vinificações mais metódicas, que só um leonino com influências virginianas poderia suportar.
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