Seguindo a nossa cobertura da Alsácia e seus belíssimos vinhos brancos, é importante notar que em alguns aspectos a Alsácia vitivinícola se distingue do perfil francês, se aproximando mais do alemão – afinal, se as fronteiras políticas são excludentes, o histórico sociocultural permanece híbrido. Por exemplo, boa parte dos vinhos Alsácia são varietais (de apenas uma variedade de uva), assim como os alemães. A identificação das cepas no rótulo é um importante indicador da qualidade do vinho, o que nem sempre acontece na França, onde muitas regiões com vinhos varietais nem exibem a cepa no rótulo e sim a Denominação de Origem. Explico isso melhor.
Trabalhar com uma só variedade não é exclusividade da Alsácia, pelo contrário, ultimamente é o que predomina globalmente para as regiões de recente vitivinicultura ou que estão numa fase de resgate de sua produção. O novo consumidor consegue se apropriar melhor das qualidades dos vinhos por meio das cepas do que pelo conhecimento de cada região e seus perfis vitivinícolas.
No entanto, dentro de regiões mais consagradas da Europa, o fato de ser varietal não é determinante para indicar a qualidade de um vinho. Por exemplo, o vinho Barolo não é Barolo só por ser feito da Nebbiolo, mas por uma série de fatores, que incluem origem, clima, solo, métodos de produção etc. Isso requer um conhecimento das particularidades de cada Denominação de Origem. Na verdade, em nenhum lugar o que dita a qualidade é só a uva, mas pode ser que esse fator seja mais cultuado e por isso as pessoas buscam o vinho pela cepa e não pelos outros fatores.
É o que acontece na Alsácia e na Alemanha. Sete são as cepas permitidas para levar o nome da AOC Alsace: Riesling, Gewurztraminer, Pinot Blanc, Pinot Gris, Sylvaner e Muscat d’Alsace para os brancos e Pinot Noir para os tintos. Os vinhos aportam forte mineralidade, decorrente da justaposição local de camadas de solos e subsolos de diferentes formações geológicas. A barreira natural do Maciço de Vosges limita a pluviometria nos vinhedos e favorece ainda a excelente maturação das cepas alsacianas. Somados, clima, solo e cepas afins justificam a complexidade e riqueza aromática e gustativa dos vinhos de bons produtores.
A Riesling é considerada a cepa de mais alta gama, gerando vinhos concentrados e que podem evoluir muito bem. A Gewurztraminer é outra estrela – uma cepa que parece ter sido feita para a Alsácia –, onde apresenta exuberantes aromas florais e frutados (lixia, manga, abacaxi) e, em muitos casos, alto açúcar residual, especialmente se forem de Colheita Tardia (Vendanges Tardives).
Outra cepa, que se apresenta de modo particular neste território é a Pinot Gris, responsável por vinhos mais estruturados, passíveis de acompanhar pratos encorpados. A versão italiana desta cepa (Pinot Grigio) é mais habitual entre nós e, infelizmente, com produtos que não chegam perto da complexidade alsaciana (com exceções, é claro). Para vinhos mais simples, do dia a dia, são vinificadas a Pinot Blanc e a Sylvaner. A Pinot Blanc é a terceira cepa mais plantada na Alsácia – uma versão branca da Pinot Noir, da qual é descendente. A Sylvaner é pouco conhecida internacionalmente, originária da Áustria e difundida na Europa Central. O seu lugar predileto teria sido a Transilvânia, raiz de sua etimologia. Ambas fazem vinhos frescos e delicados.
Finalmente, temos a Muscat d’Alsace, de coloração amarelo claro. Da mesma raiz genética de outras Muscats (tendencialmente doces), a casta alsaciana, no entanto, dá origem a vinhos secos e frescos. A única cepa tinta permitida na Alsácia é a Pinot Noir, que dispensa apresentações, sendo que o vinho da Pinot na Alsácia é mais leve do que o da Borgonha e estaria mais próximo do perfil alemão.
Mas a Alsácia também tem vinhos de corte. A expressão Edelzwicker (Edel: nobre / Zwicker: assemblage) no rótulo indica um vinho de corte mais simples, sem muitas restrições quanto à composição das uvas e sem exigência de ser de uma safra só. Já o termo Gentil indica um vinho de corte das cepas mais nobres de um mesmo território e safrado. Há 51 vinhedos especiais classificados como Grands Crus, que dão origem a vinhos secos e licorosos (Sélection de Grains Nobles).
O espumante feito pelo método tradicional da Alsácia é o Crémant d’Alsace, muito consumido na França e é possível encontrar vinhos e Crémants rosés também da Pinot Noir.
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