Após consolidação dos espumantes, vinhos brasileiros tranquilos trilham caminho para reconhecimento com múltiplas castas
Chegamos a mais um final de ano, época de festas, de brindes, de vinhos, dentre eles, especialmente os espumantes. A glória alcançada pelo Champagne não trouxe lucros apenas para os espumantes produzidos por esta denominação de origem francesa, mas garantiu um largo mercado para todos da categoria, já que ficou muito associado a comemorações importantes. Existem espumantes de diferentes estilos e oriundos de muitas regiões mundiais. Certamente, algumas são geograficamente mais vocacionadas a essa produção, como é o caso de Champagne. Esta também é a categoria de vinhos brasileiros que está primeiramente identificada com a produção de qualidade, especialmente na Serra Gaúcha.
Após a renovação enológica que se deu especialmente na primeira década do século 20, os espumantes nacionais despontaram como a grande promessa de nossa vitivinicultura – uma combinação de bons resultados produtivos com o estilo de bebida mais buscada para consumo em um país tropical: mais refrescante e festiva.
Com um mercado mais consolidado pelo sucesso dos espumantes e, diante de um crescente interesse do consumidor brasileiro por vinhos, os avanços enológicos continuaram, especialmente em busca de se fazer bons vinhos tintos, este que é o “queridinho” do mercado internacional.
Esse é o principal teor do informativo de fim de ano da Associação Brasileira de Enologia, que avalia que os vinhos tranquilos (não-espumantes) vêm liderando o ranking das premiações dos vinhos brasileiros em nível internacional.
Ou seja, mesmo que os consumidores estejam mais convencidos de que o bom vinho nacional é o espumante, a crítica especializada já reconhece o brilho dos demais vinhos. O número de premiações em concursos internacionais em 2023 chegou a 733 e, dentre elas, 471 para vinhos tranquilos (incluindo brancos, rosés e tintos) e 262 para espumantes.
Nunca podemos deixar de considerar que o fator climático é fundamental para assegurar uvas bem balanceadas, em melhor estado sanitário e mais aptas para estilos de vinhos distintos. Algumas safras recentes foram mais secas no verão, garantindo uma maior extensão no período de maturação das uvas (suco e casca) e favorecendo a obtenção de ótimos resultados em vinhos tintos.
Na avaliação do presidente da ABE, o enólogo Ricardo Morari, as principais justificativas são o maior investimento em tecnologias e manejo dos vinhedos, fundamentado por um amadurecimento no conhecimento do próprio território. Aos poucos, evoluímos nessa preciosa arte de produção milenar, sempre muito trabalhosa e complexa.
A 31ª Avaliação Nacional dos Vinhos, grande evento que acontece anualmente em Bento Gonçalves para avaliar e apresentar a especialistas e público uma seleção dos melhores vinhos da safra corrente, mostrou, em 2023, um painel que aponta para uma significativa diversificação das castas que geram os vinhos tranquilos.
O evento de 2023 começou pelo envio de 503 amostras de vinhos de sete estados brasileiros, depois por uma avaliação às cegas das amostras por 90 enólogos, durante o mês de setembro, para seleção de 30% dos melhores vinhos de diferentes categorias. Inclui desde vinhos base para espumantes a vinhos brancos secos aromáticos e não aromáticos e, ainda, vinhos rosés e vinhos tintos jovens ou não.
De um total de 157 vinhos selecionados, 16 foram escolhidos como os mais representativos para serem apreciados por um público de mais de 1650 degustadores, reunidos em 4 de novembro no Pavilhão E do Parque de Eventos de Bento Gonçalves.
Dentre os 16 vinhos varietais escolhidos, estavam as seguintes variedades de uvas: Chardonnay, Pinot Noir, Moscato Giallo, Malvasia, Tannat, Merlot, Marselan, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petite Syrah.
Relação dos vinhos brasileiros selecionados em suas respectivas categorias
Categoria: Vinho Base espumante
- 1. Vinho Base Espumante (Chardonnay, Pinot Noir) Vinícola Geisse
- 2. Vinho Base Espumante (Pinot Noir) Moët Hennessy do Brasil
Categoria: Branco Fino Seco Não Aromático
- 3. Alvarinho Cooperativa Vinícola Garibaldi
- 4. Chardonnay Cooperativa Vinícola São João
Categoria: Branco Fino Seco Aromático
- 5. Moscato Giallo Hortência Vinhos e Espumantes
- 6. Malvasia Aromática Cooperativa Vinícola Aurora
Categoria: Tinto Fino Seco Jovem
- 8. Merlot Vinícola Salton
- 9. Pinot Noir Miolo Wine Group
Categoria: Tinto Fino Seco
- 10. Marselan Vinícola Gazzaro
- 11. Alicante Bouchet Vinícola Salvattore
- 12. Cabernet Sauvignon Vinícola Perini
- 13. Cabernet Franc Vinícola Don Guerino
- 14. Petite Syrah Vinícola Brasília
- 15. Tannat Vinícola Almadén Vinícola dos Plátanos
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