O vinho pode até mudar, mas não pode faltar
O ano voou, e já estamos chegando ao último artigo de sinastria de 2024 com Sagitário, signo solar das pessoas que nascem entre 22 de novembro e 21 de dezembro. As sugestões que venho fazendo ao longo do ano para todos os signos têm como objetivo tornar a abordagem da série Zodíaco dos Vinhos mais rica, dando continuidade à proposta de fazer correlações entre informações sobre os vinhos e outros conceitos culturais. Nos artigos anteriores, o leitor deve ter percebido que sou levada, o tempo todo, a fazer escolhas que são, na realidade, palpites, sem maiores pretensões.
O conceito de sinastria na Astrologia fala das afinidades relacionais, e algo frequente é considerar o signo oposto como seu complementar. Para além dessa premissa, identifiquei que as possibilidades de sinastria de alguns signos são mais restritas e, de outros, bem abertas. Este é o caso de Sagitário, um signo que tem como ponto forte a abertura a várias conexões e que é regido pelo planeta Júpiter, representado, na mitologia romana, por um deus meio volúvel, com vários casos extraconjugais. Os nativos deste signo são descritos como festivos, aventureiros, amantes da liberdade, das viagens e de conexões múltiplas.
Os textos de sinastria com Sagitário apresentam, portanto, muitas possibilidades de encontros, com exceção dos signos de elemento natural Terra, cujos perfis mais estáticos poderiam limitar a expansividade do sagitariano, que tem como elemento Fogo. Signos de Fogo e Ar são mais recomendados e, dentre eles, fiquei com Gêmeos e Leão. Gêmeos é regido por Ar e é o signo por excelência da comunicação, das conexões mentais e intelectuais. Embora seja o signo complementar a Sagitário, parece aqui haver mais semelhanças do que oposições. São signos comunicativos, de muitas amizades, e a diferença parece estar mais na forma de manifestação dessa essência sociável. Enquanto o geminiano tende a ser mais mental, inventivo e mutável, o sagitariano tem uma dinâmica social mais calorosa e corporal.
Esse excesso de conexões pode até ser dispersivo para o encontro e, para solucionar isso nos vinhos, escolhi um rótulo do primeiro decanato de Gêmeos, que vai dar um pouco mais de estrutura e chão para essa relação. Os vinhos do geminiano, indicados pelo Zodíaco dos Vinhos, manifestam em sua essência a leveza da sociabilidade, isto é, vinhos com boa acidez, sem excesso de álcool e untuosidade.
A uva do primeiro decanato de Gêmeos é a Sangiovese, cepa tinta mais cultivada na Itália e uma das mais conhecidas e consumidas internacionalmente. A Sangiovese pode dar vinhos mais magros, pois tem como importante marcador a boa acidez. Mas, a depender do clima e do solo, seus vinhos podem ser bem encorpados, mantendo-se a vibração de sua boa acidez. Sua mutabilidade clonal gera vinhos distintos regionalmente, que ganham nomes também diferentes na Itália: Brunello, Morellino, Prugnolo Gentile. Está presente de forma dominante em um dos rótulos mais comercializados mundialmente: o Chianti. Tem fama e popularidade, como o sagitariano gosta!
A segunda sinastria é com Leão, um encontro que os textos apontam como cheio de energia e entusiasmo. Ambos são signos de Fogo. O leonino tem um fogo que irradia e atrai os que estão no seu entorno, e o sagitariano tem um fogo mais expansivo. Isso pode ser um ponto de conflito, uma vez que o leonino se quer mais exclusivo. Assim, fico com a versão do primeiro decanato de Leão, que é um vinho leonino com influências de Câncer: mais solar, encorpado e que vem ganhando popularidade por sua versão mais arredondada e macia. Trata-se do vinho da uva Malbec, cepa de origem francesa que viajou para a Argentina para se tornar um dos vinhos mais célebres da América do Sul. A Malbec, nessa versão moderna e amigável, remete, inclusive, ao vinho clássico sagitariano, da uva Merlot.
No mais, a carta de vinhos do sagitariano certamente é bem mais ampla, a depender das companhias e ocasiões.