Novidades que chamaram a minha atenção foram as presenças de países pouco vistos no mercado, como Bolívia e Áustria.
Seguindo ao artigo sobre a multiplicação dos eventos de vinhos no Brasil, vou comentar alguns ocorridos recentemente dos quais pude participar. Começo nesta semana pela Provino 2019, que ocorreu no Transamérica Expo Center, em São Paulo, no mês de outubro, seguindo os moldes das grandes feiras de vinhos, mais voltadas aos profissionais da área.
A Provino fez sua estreia em 2019, aproveitando o vácuo deixado pela tradicional Expovinis, por muitos anos a mais expressiva feira de vinhos da América Latina, que teve sua última edição em 2017. Estive na feira em seu primeiro dia de um total de três, provavelmente o menos cheio e mais confortável para visitas e conversas com representantes.
Assim como na Expovinis, muitas regiões comparecem em grupo, ou seja, montam um grande stand, que ficará subdividido pelos produtores da região. Estavam presentes Uruguai, Chile (Wines of Chile), Portugal, Provence, Santa Catarina (Vinhos de Altitude), grandes e pequenos importadores (Cantu, World of Wine, Adega Alentejana, Monvin) e alguns produtores diretamente representados, como as vinícolas brasileiras Miolo e Casa Valduga.
Networking foi o lema do evento e isso faz muito sentido em tempos de fartura, mas também de dificuldades, pois os negócios do setor precisam mais do que nunca de parceiros para abertura de mercados. Dois salões foram montados também para master classes de degustação e para palestras de personalidades do setor.
Tive a oportunidade de ouvir Adriano Miolo falar do lançamento de seu espumante estrelado da safra 2009, o Iride Sur Lie Nature 10 Anos, do Vale dos Vinhedos, com 75% de Pinot Noir e 25% de Chardonnay. Trata-se de um espumante elegante, cor amarelo dourado, com aromas terciários de pão tostado e amêndoas. Em boca é longo e reúne boa acidez, estrutura e cremosidade. Foram produzidas apenas 1.830 garrafas, devendo custar em torno de R$ 300.
Novidades que chamaram a minha atenção foram as presenças de países pouco vistos no mercado, como Bolívia e Áustria. O produtor Weinkellerei Lenz Moser vem de região próxima a Viena e apresentou vinhos brancos frescos da Riesling e da principal casta local, Grüner Vertliner, e vinhos tintos frutados, agradáveis de beber. O néctar mesmo foi o vinho licoroso ainda não importado, o Lenz Moser Prestige Beerenauslese 2017, um corte de Chardonnay, Riesling e Pinot Noir, feito com uvas botrytizadas, que apresenta deliciosos aromas de damasco seco, frutas cristalizadas e mel.
A casta Riesling Itálico, muito produzida no Brasil, fez duas boas aparições em vinhos varietais da Vinícola Luiz Argenta e da Aurora – pena que ambas não exibam no rótulo o complemento “itálico”, que a distingue da mais conhecida Riesling de origem alemã. A MonVin, importadora de vinhos de pequenos produtores, estava presente com alguns produtos de seu catálogo, como o Bordeaux Rouge Camille de Labrie, que, embora seja classificado como um Bordeaux genérico, tem porte para AOCs mais restritas. Bela cor rubi intenso, tem aromas de cassis, groselha negra e toques de torrefação, apresentando ótimo equilíbrio entre estrutura e elegância em boca.
Visitei também o stand da Viña Perez Cruz, do Valle del Maipo, Chile, e cabe destacar a finesse do Quelen 2013, um corte que tem na bordalesa Petit Verdot a maior contribuição. É um vinho que surpreende pela elegância e frescor – aromas de frutas vermelhas e especiarias, envoltas por um toque mentolado – nem sempre alcançada nesta região.
Vale destacar também, dentre a programação de palestras do Provino, o Fórum Women Wine Talks, um debate sobre a atuação feminina no mercado de vinhos, feito por profissionais e empresárias atuantes na América do Sul. A presença feminina tem aumentado significativamente em um universo tradicionalmente masculino e às vezes conservador como o mercado de vinhos no Brasil. No âmbito das lideranças, a presença masculina ainda lidera, mas o marketing das vinícolas está atento e aposta nelas para expansão do mercado.
São as mulheres, por exemplo, que aparecem na chamada visual do Sparkling Festival, que estreia neste fim de semana (24 e 25/11) no Rio e depois segue para São Paulo, em 7 e 8/12. Trata-se de um evento que cria expectativa, já que promete disponibilizar, além de 350 rótulos aptos a serem degustados, wine-bar, comidinhas, música e cinema. Regado a espumante, a proposta é se tornar uma festa de abertura do verão. Aguardem comentários da degustação anual da Belle Cave e deste festival na próxima coluna.
Para saber mais sobre grupos de estudos sobre vinhos e turmas abertas da Cafa Wine School no Brasil, visite miriamaguiar.com.br / Instagram: @miriamaguiar.vinhos
Rodrigo Silva
says:Que legal…!!
Esta foi uma visita excelente, gostei muito, voltarei assim
que puder… Boa sorte..!