Vinhos brancos, rosés e tintos leves para acompanhar pratos do mar ou sem carne na Semana Santa

Conforme sinalizado no último artigo, concluo algumas reflexões acerca do otimismo em relação ao desenvolvimento do mercado de vinhos brasileiro em termos de sua produção e consumo. O consumo vive um momento de certa euforia motivada pela oferta de uma variada gama de vinhos de distintas regiões mundiais e estilos, em sua média muito mais qualificados do que o tradicional vinho suave produzido em maior volume no Brasil. Embora este ainda seja o mais querido estatisticamente, aos poucos, a própria produção brasileira toma novos rumos e as uvas utilizadas para a produção do vinho de mesa do passado se voltam para a produção de excelentes sucos de uva integrais.

Por sua vez, o mercado de produção nacional evolui no segmento de vinhos finos tranquilos (não gaseificados), após significativo reconhecimento em relação à qualidade de seus espumantes. A troca científica, a maior maturidade produtiva e as lições apreendidas ao longo de seus desafios enológicos (provocados pelas próprias dificuldades climáticas), dão origem à formação de um perfil produtivo que difere em certa medida daquele praticado em muitas regiões vitivinícolas do chamado Novo Mundo do Vinho.

Falo dos vinhos de Mendoza/Argentina, do Vale Central do Chile, da Califórnia/EUA, do sul da Austrália, entre outros. São lugares com clima predominantemente mediterrâneo, em que as longas estações de maturação dão origem a uma gama de vinhos tintos mais encorpados. Este ainda é o campeão de vendas, mas hoje a indústria vitivinícola mundial vem calibrando a marcha na potência alcoólica e vinhos mais leves tendem a se destacar – brancos, rosés e tintos elegantes.

Não que essa seja ainda a preferência do mercado, pelo contrário, mas este é o caminho da vanguarda enológica e que, de certo modo, combina com o nosso maior potencial. Além de vinhos mais leves, mais diversificação, sem busca pela repetição de uma fórmula de sucesso, que já tem muitos protagonistas.

Como eu dizia no artigo anterior, desafios mais difíceis vêm sendo superados pelas produções na região Sudeste e Nordeste, que ainda assim alcançam bons resultados. Acho, entretanto, que a produção nacional ainda se comunica com o público consumidor de forma deficiente. Trabalhar de forma mais coletiva institucionalmente talvez reforçasse ações muito fragmentadas. Encontrar informações sobre a nossa própria produção ainda é um caminho nebuloso e as entidades internacionais o fazem muito melhor em relação aos vinhos importados. E nem vamos entrar na discussão de valores dos produtos, bem mais complexa.

Para encerrar o tema, aproveitando a Semana Santa, seguem alguns nomes de vinhos nacionais que poderiam muito bem acompanhar pratos de peixe, bacalhau, frutos do mar. Normalmente, a opção por brancos é a melhor escolha, neste caso. Quanto mais estruturado o sabor do peixe, mais importante escolher um vinho branco encorpado e, se possível, que envolva passagem por madeira.

É o caso dos pratos com bacalhau, que, além de ser um peixe mais forte, é muitas vezes enriquecido com outros ingredientes. A passagem por madeira irá conceder notas amanteigadas e tostadas aos vinhos brancos, que vão acolher bem a estrutura do prato. Se a opção for por um vinho tinto, que seja mais leve, com baixo tanino ou taninos já amaciados.

De modo geral, as uvas brancas que apresentam perfis mais encorpados e combinam bem com a madeira são as francesas Chardonnay, a Sémillon, Viognier. Para pratos mais leves de peixes, a Sauvignon Blanc é uma boa alternativa. Já para tintos, é melhor não arriscar em uvas muito além da estrutura de uma Pinot Noir. Mas, neste caso, talvez escolher o salmão seja a melhor opção, bem como um risoto de cogumelos ou uma massa com molho vermelho, sem carne. E tem ainda a opção pelos vinhos rosados, que pode ser uma boa alternativa para um brandade de bacalhau, um ratatouille e frutos do mar.

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Seguem dicas de alguns bons rótulos brasileiros que seguem nessa linha. As safras variam segundo disponibilidade.

  • HERMANN ESPUMANTE NATURE ROSÉ LÍRICA CRUA

Serra do Sudeste, RS

  • MARIA MARIA SAUVIGNON BLANC HELENA 2022 (ou GRAÇA 2021 OU HELENA 2020)

Sul de Minas Gerais

  • GUASPARI SAUVIGNON BLANC VALE DA PEDRA BRANCO 2021

Espirito Santo do Pinhal, SP

  • TASSINARI SAUVIGNON BLANC 2022

São José do Rio Preto, RJ

  • CAETANO VICENTINO CHARDONNAY GRAN RESERVA 2022

Campanha Gaúcha, RS

  • UVVA CHARDONNAY MICROLOTE 2021

Chapada Diamantina, BA

  • ALIANÇA CERRO DA CRUZ CHARDONNAY 2020

Campanha Gaúcha, RS

  • CHARDONNAY BATONNAGE CASA FONTANAVI 2020

Serra Gaúcha, RS

  • SÍTIO SÃO MIGUEL ARCANJO – RESERVA CHARDONNAY 2023

Monte Belo do Sul, RS

  • PIZZATO SÉMILLON 2022

Vale dos Vinhedos – Serra Gaúcha, RS

  • RAR – COLLEZIONE VIOGNIER 2021

Campos de Cima da Serra, RS

  • ROSÉ VILLAGGIO BASSETTI 2020  (Corte Syrah, Sangiovese e Merlot)

São Joaquim, SC

  • ABREU GARCIA MALBEC ROSÉ 2019

Campo Belo do Sul, SC

  • ROSÉ THERA 2019 (Corte Syrah, Merlot e Cabernet Franc)

Bom Retiro, SC

  • GARBO – CHERRY BOMB PINOT NOIR CLARETE 2022

Monte Belo do Sul, RS

  • RAR – COLLEZIONE PINOT NOIR 2021

Campos de Cima da Serra, RS

  • VILLAGGIO BASSETTI ELI PINOT NOIR 2020

São Joaquim, SC

  • SOZO TERROIR – PINOT NOIR 2022

Campos de Cima da Serra, RS

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