Boas surpresas chegam cada vez mais ao mercado brasileiro.

Para terminar a série de artigos sobre espumantes, vamos falar dos que mais se destacam no mundo atualmente e indicar alguns lugares para consumi-los. A soberania de referência qualitativa é ocupada por Champagne há pelo menos dois séculos de produção, mas, como já dito, o cenário de produção deste vinho efervescente é muito mais amplo, e a tendência é que não tenhamos mais tantas unanimidades em termos de qualidade no século XXI, uma vez que o saber enológico e as tecnologias de produção estão mais disponíveis do que nunca.

Assim, a grande referência serve de modelo para resultados semelhantes. Tudo depende também, além do terroir, do posicionamento visado pela produção, se destinado ao mercado de luxo, se orientado para um amplo mercado consumidor, entre outros. As vinícolas mais poderosas hoje trabalham em segmentos diferenciados, com vinhos de batalha, de giro rápido e garantido, até as grandes estrelas, que figuram no topo da pirâmide, visando clientes seletos e credibilidade na crítica especializada.

Dito isso, existem champanhes e champanhes, com preços muito distintos: de € 15 a € 3 mil. Um champanhe Louis Roederer Cristal ‘Gold Medalion’ Orfevres Limited Edition Brut Millesime pode chegar a € 3.955, segundo artigo do Le Figaro. Já em promoções de fim de ano ou nas grandes feiras de vinhos promovidas pelos hipermercados anualmente na França, você pode achar uma garrafa de champanhe com preço próximo de € 15/20, mas não é fácil e nem sempre compensa.

Neste caso, eu prefiro comprar os crémants, nome dados para espumantes mais refinados das outras regiões da França, feitos pelo Método Champenoise e com uma ótima relação preçoXqualidade. Há crémants da Borgonha, da Alsácia, do Vale do Loire, do Jura, de Bordeaux, de Limoux – este, produzido no sul da França, divide com a Blanquette de Limoux a notoriedade dos espumantes daquelas regiões, feitos pelo método clássico e pelo Méthode Ancestrale, que antecede o Champenoise, contando com apenas uma fermentação diretamente nas garrafas, feitos com a uva Mauzac.

O segundo espumante mais renomado vem da Espanha. Quem já não ouviu falar de Codorníu e Freixenet? São marcas poderosíssimas, com um simbolismo muito associado à festiva enogastronomia espanhola: cavas y tapas! Também feito pelo método tradicional, o cava pode ser muito especial, mas oscila em faixas de preço mais baratas do que o champanhe. Tem seu nome associado a Catalunha/Penedès, mas pode ser feita em outras regiões da Espanha, desde que respeitando método de elaboração e castas usuais, a saber, as autóctones xarel-lo, macabeo e parrelada.

Os famosos proseccos, tão prestigiados no Brasil, não figuram entre os mais ilustres espumantes, uma vez que boa parte deles resulta do método Charmat e tem mais uma proposta de ser uma bebida fresca e frutada para o dia a dia. Feito com a uva Glera, também chamada de Prosecco, os melhores são da DOCG Valdobbiadene Prosecco Superiore.

A despeito da popularidade dos seus lambruscos e espumantes da uva moscatel (Asti), a vitivinicultura moderna italiana foi atrás de criar seu ícone de espumante qualitativo, fazendo grandes investimentos no noroeste da Itália, na região da Lombardia, DOCG Franciacorta. Este tem sido avaliado pelos críticos como o espumante que mais rivaliza com o champanhe, até pelo rigoroso regulamento de produção.

Boas surpresas que chegam cada vez mais ao mercado brasileiro são os espumantes da região da Bairrada, em Portugal. Mais raro por aqui, mas a Alemanha também faz e consome muitos espumantes, chamados de sekt e, em geral, feitos pelo método Charmat, usando as nobres castas riesling e pinot noir, dentre outras da região. Dos países do Novo Mundo, temos boas produções, a começar pelo Brasil.

Certo é que existem investimentos por toda parte e talvez o que falte não seja terroir, nem tecnologia e sim experiência, tempo de amadurecimento da vinicultura para que se possa extrair o melhor fruto da terra e da cultura.

Há alguns bons anos que escuto os produtores brasileiros falarem da criação de um nome para o espumante nacional. Isso seria maravilhoso, e eu não sei por que não saiu ainda. Afinal, ser chamado de um nome genérico da bebida não é uma boa estratégia de marketing. Sugiro que as instituições brasileiras voltadas à promoção do vinho cuidem disso logo – quem saber fazer um concurso envolvendo os consumidores brasileiros na criação deste nome?

Bem, dicas de algumas casas especializadas no serviço de espumantes no Rio:

Champanharia Ovelha Negra: Primeira com essa proposta no Rio. Bom ponto em Botafogo, conta com um happy hour frenético seguindo estilo dos bares de Barcelona.

Pow Espumanteria: o nome sugestivo tem como proposta o serviço exclusivo de espumantes nacionais. Localizada na Lapa, serve um brunch nos primeiros sábados do mês, acompanhando a Feira do Lavradio, logo ao lado. Servem um cassoulet leve e saboroso, que acompanha uma taça do espumante da casa, método clássico da Vinícola Pizzato.

Cavi Empório e Bistrô: Situada no bairro de Icaraí, em Niterói, trata-se de um local bonito, estiloso, com boa seleção de espumantes, que poderia caprichar mais na comida.

Blá blá Champanheria: Tradicionalmente na Barra, a casa vem se expandindo e tem nova unidade no Jardim Botânico – menu sugestivo de espumantes e a drinques a base de, além da comida japonesa, o forte da casa – a conferir.

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