Nesta semana, tivemos mais um encontro da Confraria Scalla Dei. O tema foi Portugal Off, ou seja, explorando regiões vitivinícolas menos conhecidas do eixo principal Douro, Alentejo e Minho. Há muito mais regiões e nem todas conseguimos abranger, mas já deu para viajar por outras paisagens portuguesas e explorar uma das suas maiores riquezas, que são as cepas autóctones. O local do encontro foi perfeito: Gajos D’ouro, em Ipanema – lindo, ótimo atendimento e comida deliciosa!!! A seleção incluiu 11 vinhos, servidos às cegas, das regiões de Açores, Beiras, Bairrada, Lisboa, Dão, Tejo e um vinho verde tinto, justamente por fugir do perfil convencional.



Dentre os vinhos brancos, tivemos um varietal Arinto de Açores 2018, bem interessante, com acidez vertical e que exala notas defumadas, possivelmente resultantes da sua geologia vulcânica e maior tempo em garrafa. Já o corte de Arinto e Chardonnay do Tejo equilibra muito bem a acidez da Arinto com a untuosidade aportada pela Chardonnay fermentada em barrica, mostrando um vinho que equilibra frescor e volume, apto a pratos ricos de bacalhau. A Bical foi outra cepa que assinou mais de um rótulo: um com 50%, fresco, com uma mescla aromática de de frutas brancas maduras e leve acidez acética; outro, da Bairrada, com 100% Bical plantada em solo calcário, muito aromático e salivante, de ótima expressão gustativa. De Lisboa, num estilo levemente laranja, provamos a rara uva Vital. O rosé Giz, da Bairrada,  intercalou os brancos para a entrada dos tintos.

Começando pelo vinho verde da cepa Vinhão (Aphros) – uma surpresa –, com paladar distinto de tudo: um tinto de alma branca (sem julgamento de valor), pois, apesar da cor pronunciada que poderia sugerir um vinho encorpado, é macio e de acidez pronunciada, me parecendo um vinho feito para acompanhar sardinhas. Dois vinhos tintos da Baga mostram que os portugueses estão sabendo cada vez mais dominar a a sua rusticidade. O Dinamica Baga Filipa Pato, de Beiras, é firme e elegante e o Regateiro Vinha d’Anita Bairrada 2016 está num ótimo momento para ser degustado, já mostrando uma bela evolução e complexidade, com um bouquet mais raçudo, com notas de couro. Tivemos ainda um varietal Touriga de Lisboa, mais marcado pela madeira e um corte de vinhas velhas do Dão, que reafirma a condição regional de fazer vinhos  equilibrados, com bom uso de madeira e um rico bouquet, mesclando aromas de frutos pretos, notas terrosas e florais.

Luis Pato Vinhas Velhas Branco 2023 Beiras (Mistral)       


Azores Wine Company Arinto 2018  Açores (Worldwine)     


Ramilo Vital Branco Regional 2019 Lisboa (PNR)   


Filipa Pato Nossa Calcário Bical 2021 Bairrada (Casa Flora) 


Lagoalva Reserva Arinto & Chardonnay Tejo 2019 (Mistral) 


Giz Vinhas Velhas Rosé Bairrada 2020 (Cellar)


Aphros Vinhão DOC  2018 Minho (Wine Lovers)


Filipa Pato Dinâmica Baga Beiras 2021 (Casa Flora)


Quinta do Monte d’Oiro Touriga Nacional 2019 Lisboa (Mistral)


Regateiro Vinha D’Anita Bairrada Tinto  2016 (TDP Wines)


Antonio Madeira Vinhas Velhas tinto 2020 Dão (Cellar)

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