Às margens dos Rios Duero e Ebro, reinam, ao longo do tempo, os vinhos tintos da Ribera del Duero e de La Rioja.
Neste quarto artigo sobre a importante vitivinicultura espanhola, com foco nas Denominações de Origem do norte, vamos falar de duas poderosas regiões, que se encontram relativamente próximas, mas com perfis bem particulares e muito representativos do que há de melhor no país. Ribera del Duero fica no sudeste da região Castilla y Lyon, a 150km norte de Madrid, na parte alta do rio Duero. Os vinhedos se estendem de oeste a leste, entre Vallladolid e Soria. Essa área do centro-norte espanhol, com altitude entre 750 e 850m, tem temperaturas que variam de -20ºC a +40ºC. Combina o perfil mediterrâneo do clima (conferido pela latitude) com uma forte continentalidade, que acentua o rigor do inverno e do verão.
Ali as referências à existência de vitivinicultura também remontam à colonização romana há mais de 2 mil anos. No séc. XVI, o comércio de vinhos já era a principal atividade econômica da região, tendo a cepa Tinta del Pais ou Tinto Fino (nomes locais para a Tempranillo) no centro de sua produção. Cerca de 90% dos vinhedos são desta uva, e os vinhos tintos da D.O. Ribera del Duero devem ter um mínimo de 75% da Tinto Fino em sua composição, podendo ser complementado pela Garnacha e pelas cepas francesas, ou melhor, bordalesas, Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec. Isso nos remete ao ano de 1864, quando a Bodega Vega Sicília plantou vinhas bordalesas em seu terreno, incorporando métodos de elaboração franceses à sua produção. Dessa inovação surgiu um vinho de excepcional qualidade, que se tornou lendário, projetando a Ribera del Duero como uma referência da vitivinicultura espanhola e a bodega Vega Sicília como produtora de alguns dos melhores vinhos do mundo.
Predominam solos calcário-arenosos com sedimentos de argila e cascalho. A Tempranillo, de brotação levemente tardia e maturação precoce, sobrevive aos rigores do inverno e amadurece adequadamente na região. O perfil tradicional é de vinhos potentes, de boa acidez e longa guarda, com passagem por madeira. Os novos tempos da enologia chegaram lá também, resultando numa variação entre vinhos mais jovens e ricos em frutas vermelhas para o cotidiano e vinhos mais longevos com elegância e complexidade. Produz-se bons rosados da Garnacha, às vezes em corte com a branca Albillo.
A outra região nobre, cujo nome é quase uma marca do vinho espanhol, é La Rioja. Mais a norte da Ribera del Duero e em direção ao nordeste espanhol, a Rioja fica ao longo das duas margens do Rio Ebro e também envolve uma confluência de dois climas, neste caso, o mediterrâneo e o oceânico, em função da proximidade da Serra Cantábrica a norte, que funciona como um moderador das temperaturas e protetor dos ventos úmidos do norte. A Rioja foi a primeira comarca espanhola a criar um Conselho Regulatório de D.O. em 1925 e também a passar para a restrita categoria de DOCa (Denominación de Origen Calificada). Vitivinicultura antiga, cultivada em monastérios na Idade Média, ganhou reconhecimento especialmente quando algumas bodegas, hoje centenárias (destaque para Marquês de Murrieta), se instalaram ali, na metade do século XIX, imprimindo uma qualidade diferenciada aos vinhos, que ganharam força no mercado internacional quando a Filoxera atingiu outros países em primeiro lugar.
A região está dividida em três subáreas: Rioja Alta, Rioja Baja e Rioja Alavesa. A Rioja Alta ocupa a porção mais ocidental, de maior altitude e influência atlântica. Seus solos aluviais, com presença de calcário e argila rica em ferro, dão origem a vinhos da Tempranillo mais austeros, com taninos marcados e grande personalidade. A Rioja Alavesa tem superfície menor e está a norte do Rio Ebro, nas proximidades da Serra Cantábrica, onde clima e solos argilo-calcários dão origem a vinhos mais elegantes da Tempranillo. Trata-se de uma área com produções menores, focadas em qualidade. A Rioja Baja ocupa a porção leste, com maior superfície, menor altitude e um clima mais mediterrâneo, com predomínio de um solo de argila ferruginosa. Ali a Garnacha tinta é a protagonista de vinhos tintos mais encorpados, mas de menor complexidade. Os cortes podem ser compostos por pequenas percentagens da Mazuelo (Carignan) e da Graciano.
Os vinhos brancos são menos presentes, feitos especialmente da cepa Viura, às vezes complementados pela Malvasia e Garnacha branca. Uma característica muito associada à Rioja é a madeira no processo de crianza (maturação) dos vinhos. Crianza, Reserva e Gran Reserva são denominações que valem para toda a Espanha, mas que contam com períodos específicos para a Rioja. O perfil amadeirado, às vezes excessivo, vem crescentemente dando lugar a um uso mais regrado, que denote o espírito do terroir e garanta o status emblemático dos vinhos desta região.
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