
Nesta segunda, dia 10/02, fizemos o nosso encontro da Confraria Scala Dei. Só vinhos Chardonnay & Pinot Noir (mais um coringa) de várias regiões em que essas preciosas deusas da Borgonha estão presentes. Foi muito interessante perceber as suas distintas expressões em diferentes regiões e como podem ser influenciadas também pelos métodos de produção. Neste aspecto, a Chardonnay é de extrema versatilidade e pudemos perceber nas taças as variações.

Começando por um belo vinho de expressão fresca e mineral de Malleco, Chile: Baettig Viñedo Los Parientes. Chardonnay salivante, com notas de cítricos, abacaxi e certa salinidade na boca. Pena que estava com um toque bouchonné, quase imperceptível inicialmente, mas que foi ficando claro com a oxigenação.

Seguimos com um Chablis Vinhas Velhas de Alain Geoffroy, trabalhado sur lie e em leve carvalho, com seu perfil clássico, elegante, com notas cítricas e defumadas (brioche, amêndoa) no nariz.

O terceiro Chardonnay neozelandês da Trinity Hills mostra que o país é terra de bons brancos não só da Sauvignon Blanc. Da Ilha Norte, tem bom corpo, boa expressão aromática, mais para frutas de caroço e ótimo equilíbrio em boca, em termos de untuosidade e acidez.

Quarto vinho, um Chardonnay do Jura – J. Arnoux Quintessence 2014, já mais evoluído, com volume e notas terciárias de frutas secas, como damasco e toques oxidativos – pede um prato rico para acompanhar.

Finalizamos com o Pouilly Fuissé Domaine Olivier Merlin, também da Borgonha num estilo quase oposto ao Chablis, fermentado em barrica, de médio corpo, mais cremoso, com aromas de pêssegos brancos, pera e acidez equilibrada. Todos bem interessantes em seus estilos.
Em termos de Pinot, essa variação estilística existe, mas é menor, pois a uva é menos versátil climaticamente do que a Chardonnay e não aceita bem muitas intervenções. Tivemos três perfis de Pinots jovens, trabalhados muito delicadamente com madeira, de forma a preservar a expressão aromática primária.

Um Pinot da Patagônia Barda da Bodega Chacra é muito jovial e fresco, com notas de fruta vermelha bem madura, como groselha.

O Pinot da Borgonha foi da Côte Chalonnaise da AOC Mercurey, de um dos melhores produtores dessa área, Domaine Faveley – traz taninos muito finos, macio e frutado, com muitas notas de cereja.

O Pinot alemão (Spätburgunder) da Weingut Meyer-Nakelsurpreendeu a todos e mostra a boa vocação da uva neste país em tempos de aquecimento global. Um vinho muito equilibrado e acessível ao mesmo tempo – boa expressão aromática de frutas do bosque mais frescas, acidez e taninos no ponto, dando muita elegância ao vinho.

O Bogle Pinot Noir californiano traz um estilo diferente, mesmo sendo do Russian Valley, área impactada pela brisa do Pacífico. Mais quente e alcoólico, da safra 2018, tem acidez equilibrada e, no nariz, mostra toques balsâmicos e especiados, provenientes da maior interação com a barrica (francesa se americana).

O coringa foi um corte de uvas francesas (Merlot, Syrah e cabernets) da Nova Zelândia.
Fomos recebidos divinamente pela equipe do Restaurante Alloro al Miramar – espaço, serviço, comida impecáveis. Só a agradecer!!! Saúde!!!