Touro é um dos signos do elemento Terra, que concretiza e torna mais duráveis as conquistas do Fogo. Realismo, perseverança e materialismo são características alinhadas com os signos de Terra. Além de ter como elemento natural a Terra, o planeta regente de Touro é Vênus, segundo planeta do sistema solar, em média o mais próximo da terra (o que depende das órbitas), e, ainda, o mais quente e o mais brilhante.

Na mitologia romana, Vênus corresponde a Afrodite da mitologia grega, Deusa do Amor e da Beleza. Vênus é considerado um planeta do tipo terrestre ou telúrico, pela sua similaridade quanto ao tamanho e massa da Terra. Apesar de Mercúrio estar mais perto do Sol, Vênus tem uma superfície mais densa, que acumula mais calor. Isso reforça o caráter de fixação do signo de Touro. O taurino busca rotina, estabilidade e relações sólidas, mas tem o perfil caloroso e atraente de sua deusa inspiradora. O seu calor é direcionado ao acasalamento, é o calor da terra, que nutre e fecunda.

A imagem que me vem da passagem de Áries a Touro é de alguém que, cansado da vida intempestiva, busca um abrigo, recolhe o fruto de suas conquistas e vai descansar, comer, dormir e amar. Guloso, sexual, possessivo, teimoso e preguiçoso, estes são alguns dos estereótipos do taurino, que também remetem ao perfil parrudo do animal representativo.

Vamos aos vinhos? Continuamos a falar de vinhos tintos, que são mais calorosos, para esse filho de Vênus e Terra. A estrutura de um vinho taurino vem especialmente do álcool, que se ressalta diante de uma acidez mediana (diminui em climas mais solares) e provoca mais sensação de untuosidade em contato com notas de frutas adocicadas. O tanino está presente, mas é macio, preservando a volúpia envolvente do conjunto.

Símbolo da D.O. TORO (Espanha), cujas principais uvas tintas são a Tinta de Toro (Tempranilho) e Garnacha

A espanhola Garnacha (Grenache na França) ocupa o primeiro decanato taurino, afinal não podia faltar a Espanha no repertório de um Touro. Mais tardia para amadurecer, ela gosta de estar perto do sol, como na região mediterrânea da França, da Espanha e da Itália, onde se chama Cannonau. Ali ela acumula açúcar, fazendo um vinho potente em álcool, mas com estrutura tânica menor em relação a seus parceiros de corte. Tem aromas adocicados de frutas vermelhas, ameixa seca e especiarias doces. Ainda tem um pouco do ímpeto ariano andarilho, principalmente se motivado pelas suas paixões (que são muitas): Syrah, Mourvėdre, Tempranillo, Graciano, Carignan etc.

Carménère é a cepa clássica de Touro, que também apresenta essa opulência, faz um vinho colorido, com aromas de frutas vermelhas compotadas, alto álcool e baixa acidez – um vinho com uma gordurinha a mais. Inconformado com a vida múltipla e instável na pele da Garnacha, a Carménère optou por um território mais seu: o Chile. Ali ela pode amadurecer lentamente (para não ganhar um perfil herbáceo), ter uma vida mais rotineira e atrair a atenção de muitos consumidores.

Cachos da Carménère em sua colheita de Outono

Mas a viagem continua, temos o signo da sociabilidade a seguir, um signo de ar. Como tirar o doce e preguiçoso taurino do conforto de seu lar? Uma dieta vai bem. Cabernet Franc é o Touro do terceiro decanato, que oscila de peso, com versões mais magras (Vale do Loire, Brasil, Chile), boa acidez e taninos delicados a perfis mais encorpados, com maior graduação alcoólica e taninos mais marcados (Saint Émilion, Argentina). Já amadurece um pouco mais cedo, embora também peça mais tempo para atenuar as notas herbáceas. Pimentão vermelho, frutas negras e vermelhas são alguns dos descritores aromáticos mais comuns. Mesmo nas versões mais encorpadas, Cabernet Franc apresenta um frescor – são os ares geminianos trazendo leveza e dupla personalidade ao taurino.

No próximo artigo, será a vez dos vinhos de Gêmeos. Acompanhe a série!

Em breve, Passaporte França da CAFA Wine School. Para saber sobre Cursos e Wine Masters Class de Míriam Aguiar, visite: Instagram: @miriamaguiar.vinhos

Deixe um comentário