Premiação de 2023 e atividades paralelas aconteceram no Rio com participação especial do Peru
A gastronomia peruana teve grande destaque no Rio de Janeiro nesta semana, ocasião de mais uma cerimônia do Latin America’s 50 Best Restaurants, evento que há mais de uma década premia o melhor da gastronomia latino-americana por seu talento, variedade, inovação e herança.
No dia 28 de novembro, foram revelados os novos líderes da gastronomia na América Latina, e o Peru ocupou o topo da lista duas vezes, com o primeiro lugar alcançado pelo restaurante Maido, do chef Mitsuharu ‘Micha’ Tsumura, e o prêmio de melhor sommelière para Florencia Rey, do mesmo estabelecimento.
Outros restaurantes peruanos aparecem no ranking: Kjolle (7°), Mayta (10°), Mérito (13°), Osso (33°), Mil (39°), La Mar (42°), Rafael (46°) e Cosme (50°). O Brasil também recebeu algumas premiações pelos seus restaurantes. A Casa do Porco, de São Paulo, aparece já em 4º lugar, seguidas pelo Metzi (18º), o Evvai (22º) e o Maní (34º), todos da capital paulistana. Dois restaurantes do Rio de Janeiro também foram escolhidos: o Lasai (14º) e o Otèque (20º), além do Manu (35º), de Curitiba.
Devido à crescente expressividade deste segmento para o Peru, uma comitiva de representantes de órgãos oficiais e das empresas do setor de alimentos e bebidas esteve presente para promover e patrocinar o evento e atividades paralelas. Uma delas ocorreu na véspera da premiação, 27 de novembro, organizada pelo Escritório Comercial PromPerú no Brasil, com o apoio da Embaixada do Peru no Brasil e de seu Consulado no Rio de Janeiro. Chamado de “Experiência Gastronômica Peruana Única”, o evento ocorreu no Restaurante Kinjo Palace, do chef peruano Marco Espinoza, em Copacabana.
Uma das atrações foi o pisco, bebida peruana ancestral, que foi apresentada por produtores de pisco e como base de alguns drinks feitos com a bebida pelo bartender Alonso Palomino, proprietário do Lady Bee. Este bar também obteve boa colocação (52º) na premiação dos Melhores Bares do Mundo, pois, além das seleções dos 50 melhores bares do mundo e 50 melhores restaurantes da América Latina, existem listas complementares com os 100 nomes seguintes classificados. Ali se encontram também os bares brasileiros Tan Tan (56º) e SubAstor (58º). A premiação leva em conta comida, ambientação, serviço, mas os drinks parecem ser as grandes estrelas dessa categoria.
Em entrevista ao bartender premiado, aproveitei para entender melhor este segmento peruano. O bartender Alonso Palomino tem apenas 31 anos e é proprietário, juntamente com sua esposa, a chef Gabriela Leon, do Lady Bee, localizado em Lima. A cozinha peruana, segundo ele, mescla as influências locais com as recebidas pelos imigrantes espanhóis, japoneses, chineses, africanos, italianos e até suíços, ao longo de sua história. Apresenta certas diversificações também na costa, nas ilhas e na Amazonia.
Ele afirma que a grande inspiração, que marcou o início do prestígio da comida peruana na gastronomia internacional, veio há 25 anos com o chef Gastón Acurio, proprietário do Restaurante Astrid & Gastón. Há três vertentes importantes da comida peruana atual: os pratos de Pollo a la Brasa (frangos assados no carvão), inspirados por imigrantes suíços; as Chifas (pratos tradicionais que mesclam culinária peruana e chinesa) e a cozinha contemporânea, mais focada em peixes e frutos do mar.
Apesar de problemas econômicos estruturais, com graves desigualdades e taxas de pobreza, Alonso considera que a gastronomia é em boa parte sustentada pelo turismo internacional, que vem crescendo de forma significativa. Assim, o restaurante recebe muitos estrangeiros, especialmente, chilenos e argentinos da América do Sul, russos e asiáticos. Três drinks à base de Pisco foram preparados pelo bartender, dentre eles, uma releitura do Negroni com Pisco Quebranta, Campari, Noilly Prat, Vermute Punt e Mes e o bitter Cynar.
No evento, estava também as proprietárias da Finca 314 – uma vinícola de cinco gerações de mulheres produtoras. Tive a oportunidade de degustar o pisco Don Reynaldo, servido puro e em drinks. Segundo Claudia Moquillaza, eles trabalham com oito variedades de uvas na produção do pisco: quatro tintas, que são menos aromáticas (Quebranta, Mollar, Negra Criolla e Uvina) e quatro brancas aromáticas (Italia, Torontel, Moscatel e Albilla).
No Peru, dominam produções mais industriais e a proposta deles tem vieses patrimonial, ambiental e socio-responsável. Ou seja, conservar as tradições, fazer produtos mais naturais e empregar e estimular a participação das mulheres nessa produção. Além do pisco, produzem alguns vinhos, licores feitos de pisco, frutas e ervas e, recentemente, criaram uma creme de pisco (manga macerada em pisco).
Para acesso às listas de premiações, consulte os links:
theworlds50best.com/latinamerica/en/list/1-50
theworlds50best.com/latinamerica/en/list/51-100
theworlds50best.com/stories/News/the-worlds-50-best-bars-2023-the-list-in-pictures.html
theworlds50best.com/stories/News/the-worlds-50-best-bars-2023-51-100-the-list-in-pictures.html
Visite a página de Míriam Aguiar no Instagram e se inscreva em cursos e aulas de vinhos presenciais e online. Instagram: @miriamaguiar.vinhos