Jurançon: o que vem por aí e o que já existe no Brasil

Últimos relatos do Sudoeste francês e uma relação de rótulos das Gros e Petit Mansengs.

Ao encerrar a série de artigos sobre a sub-região do Sudoeste da França, próxima dos Pirineus e oceano Atlântico, destaco aqui dois produtores visitados na AOC Jurançon. Fiz também um levantamento de rótulos da região que já podem ser encontrados no Brasil e, tendo em vista que ainda são poucos e que as cepas tão elogiadas por mim não são muito conhecidas, resolvi incluir alguns rótulos das mesmas uvas que vêm sendo produzidos na América do Sul. Fiquei surpresa com essa descoberta, mas se pensarmos no sucesso das tintas Malbec e Tannat por aqui, nada impede do mesmo acontecer com as brancas do sudoeste francês. O desafio provavelmente não passa pela qualidade, mas por convencer o público consumidor a trocar, de vez em quando, os vinhos tintos pelos brancos.

Quero destacar duas vinícolas visitadas em Jurançon: o Domaine Cauhapé e o Domaine de Souch. Um pouco mais afastado de Pau (33km), está o Domaine Cauhapé, um estabelecimento que mescla o porte de grande produtor, com 54ha de vinhedos, à simplicidade de uma vinícola familiar. O proprietário é Henri Ramonteau, um produtor apaixonado pelo que faz, membro da Academia dos Vinhos da França e, desde 1980, proprietário do Domaine Cauhapé, anteriormente fazenda de seus pais. Além dos vinhedos das brancas vedetes da região – Petit e Gros Manseng –, há outras cepas nativas: Corbu, Lauzet e Camaralet. Os solos são compostos por argila com camadas de silício e partes pedregosas e alguns vinhedos estão plantados em altitudes que podem chegar a 300/400m. Um clima que valoriza o já acentuado equilíbrio açúcar/acidez de suas variedades.

Um total de 12 rótulos AOCs Jurançon (doces) e Jurançon Sec (secos) são produzidos pelo Domaine Cauhapé, além de mais dois ultra premium, que são o Quintessence Doux e o Folie de Janvier, ambos feitos com 100% Petit Manseng colhidas bem tardiamente (dezembro e janeiro). Além desses, três rótulos sem AOC, para dar lugar a inovações, como um rosé e um estilo laranja, chamado “Le Mystère Jaune”, que muito me agradou. Os vinhos do Domaine Cauhapé devem ser importados pelo Brasil em breve e valem a pena serem conhecidos.

Quando marquei minha visita ao Domaine de Souch, o enólogo Emmanuel Jecker me convidou para um almoço junto com o proprietário, que chegaria de Paris na data e que adora o Brasil, já que sua filha mora no Rio de Janeiro. Passamos uma tarde deliciosa, degustando seus excelentes Jurançons doces e secos numa refeição campestre. Em 7ha de viticultura biodinâmica, a apenas 8km de Pau, a família Hégoburu produz vinhos desde 1987. Vinhedos altos, com forte inclinação, aos quais se chega por uma estrada íngreme e sinuosa. Paisagem linda! Apesar do M. Hégoburu vir com frequência ao Brasil visitar a filha, os seus vinhos ainda não estão aqui. A produção é pequena e primorosa, e eu destaco a qualidade de seus vinhos secos, crescentemente valorizados na região do Jurançon, que, no passado, ganhou renome mais pelos vinhos doces.

Seguem relações de rótulos disponíveis no Brasil do sudoeste francês e da América do Sul:

Vinhos cepas Petit e Gros Manseng já importados pelo Brasil

Vinhos cepas Petit e Gros Manseng produzidos na América do Sul